segunda-feira, 17 de maio de 2010

Só na multidão

A pior solidão é aquela onde estamos cercados de gente e não temos ninguém conosco.

Todo dia a gente ouve uma história de alguém que está em depressão (e nem é em consultório psiquiátrico ou de psicologia). Basta sentar prum bate-papo e logo alguém fala de outro alguém que "entrou em depressão". E em geral, quando história é contada pela própria pessoa acometida, percebe-se que mesmo hoje, com a doença tão presente a maioria das pessoas não sabe nada a respeito; dificultando muito a vida do depressivo.

Renato Russo cantou que "
o mal do século é a solidão". Mesmo que tenha sido no século passado, acho que essa sentença ainda é verdadeira. É a solidão que nos adoece. É a solidão que nos dificulta a cura. Principalmente na depressão. Mas não é de qualquer solidão que estamos tratando...

Não basta ter amigos para "tomar uma", jogar futebol ou ir à academia. Não adianta ter a turma da balada ou ter com quem fofocar sobre a novela ou a vida alheia. Não adianta ter com quem dividir as tarefas se não temos com dividir os pensamentos, os sentimentos. O homem é um ser social, mas iludiu-se achando que em bando supre a necessidade de amor, de pertencer a um grupo, a necessidade de acolhimento...

Temos tanta gente a nossa volta, mas não temos ninguém com quem contar de verdade. E isso é, para mim, a solidão mais devastadora que se pode sentir. Esquecemos de manter em nossa cultura (ou incentivar) o aspecto profundo da empatia, tolerância, solideriedade, da vontade de aprender com o outro, de falar de si, compartilhar preocupações, pensamentos e sentimentos sem medo do julgamento alheio. E aí acabamos só. Mesmo entre a família. Mesmo entre os amigos.


Se você tem alguém com quem pode, de fato, abrir seu coração e consegue fazer uso disso se abrindo de verdade, então você tem um tesouro. Isso é raro. Muito raro. Podemos mudar isso... mas quem está preparado? Quem está a fim?



Nenhum comentário: