segunda-feira, 31 de maio de 2010

Comer e comer

Quilos a mais. Quilos a menos.
A vida de muito ser humano costuma ser um confronto com a balança; cheio de desavenças com o espelho.
Uns comem de mais, outros de menos. A maioria come inadequadamente.
Tudo isso porque temos uma relação emocional com a comida; quando deveríamos ter aprendido desde o útero (se fosse possível) a sermos racionais diante dela.
Comer o que faz bem e porque faz bem na quantidade certa pro nosso dia-a-dia.
Essa frase me soa até como conto de fadas... parece impossível. Se fosse assim não teríamos batata frita, barras de chocolate ou shakes mirabolantes...
Mas é possível sim. Ou bem perto disso. É só olhar para o povo chinês e ver como eles são disciplinados em relação ao comer. Os chineses aprendem desde crianças a comer e variar o cardápio de acordo com o benefício de cada alimento. "Hoje como isso que faz vem pra pele e visão. Amanhã, aquilo que faz bem pro coração e intestino. Hoje consumo mais calorias porque terei um dia mais cheio de atividades." E por aí vai...
Aqui, no ocidente... a conversa diante de uma refeição é bem diferente, né?
Mas para a comida deixar de ser a nossa válvula de escape das frustações de todo o dia, precisamos mudar todo o nosso jeito de viver. Quando a vida muda, a gente muda também.
Mas isso não é fácil... nada fácil.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Você tem medo de quê?

O Medo
Carlos Drummond de Andrade

Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas

do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Só na multidão

A pior solidão é aquela onde estamos cercados de gente e não temos ninguém conosco.

Todo dia a gente ouve uma história de alguém que está em depressão (e nem é em consultório psiquiátrico ou de psicologia). Basta sentar prum bate-papo e logo alguém fala de outro alguém que "entrou em depressão". E em geral, quando história é contada pela própria pessoa acometida, percebe-se que mesmo hoje, com a doença tão presente a maioria das pessoas não sabe nada a respeito; dificultando muito a vida do depressivo.

Renato Russo cantou que "
o mal do século é a solidão". Mesmo que tenha sido no século passado, acho que essa sentença ainda é verdadeira. É a solidão que nos adoece. É a solidão que nos dificulta a cura. Principalmente na depressão. Mas não é de qualquer solidão que estamos tratando...

Não basta ter amigos para "tomar uma", jogar futebol ou ir à academia. Não adianta ter a turma da balada ou ter com quem fofocar sobre a novela ou a vida alheia. Não adianta ter com quem dividir as tarefas se não temos com dividir os pensamentos, os sentimentos. O homem é um ser social, mas iludiu-se achando que em bando supre a necessidade de amor, de pertencer a um grupo, a necessidade de acolhimento...

Temos tanta gente a nossa volta, mas não temos ninguém com quem contar de verdade. E isso é, para mim, a solidão mais devastadora que se pode sentir. Esquecemos de manter em nossa cultura (ou incentivar) o aspecto profundo da empatia, tolerância, solideriedade, da vontade de aprender com o outro, de falar de si, compartilhar preocupações, pensamentos e sentimentos sem medo do julgamento alheio. E aí acabamos só. Mesmo entre a família. Mesmo entre os amigos.


Se você tem alguém com quem pode, de fato, abrir seu coração e consegue fazer uso disso se abrindo de verdade, então você tem um tesouro. Isso é raro. Muito raro. Podemos mudar isso... mas quem está preparado? Quem está a fim?



sábado, 8 de maio de 2010

Quanto vale o seu caráter?

Se hoje, você ouvisse esse discurso (abaixo) de uma pessoa sentada do seu lado, qual seria sua reação? Seu pensamento a respeito?

"Antigamente não se falava em negros. E era discriminado. Quando começa a [dizer] que eles têm direitos, direitos de se manifestar publicamente, daqui a pouco vão achar os direitos dos homossexuais."

Penso que talvez essa frase tenha sido mesmo dita, em meados de 1880, antes da libertação dos escravos. E me angustia o peito saber que ainda hoje, muito desse pensamento perdure, apesar de absurdo. Mas se é absurdo pensar assim nos dias atuais, (e hoje eu nem vou discutir essa questão) mais ainda é você se deparar com a seguinte senteça, dita de verdade, essa semana:

“Antigamente não se falava do
homossexual. E era discriminado. Quando começaram, olha, eles têm direitos de se manifestar publicamente, daqui a pouco eles vão achar os direitos dos pedófilos, é o direito deles. Não, isso é crime”.

Cor da pele e orientação sexual são usadas, erroneamente, para valorar as pessoas. Assim como tantas outras características - na sua maioria inata (sexo, altura, deficiência, peso, etc) - do ser humano. A humanidade inventou valores diferentes para a diversidade humana. Tudo isso já é ruim por si só. Agora surge, com essa declaração, uma nova condição: caracteríscas e caráter estão sendo confundidos. Orientação sexual e desrepeito criminoso estão sendo jogados num mesmo saco de preconceito; como se tudo fosse a mesma coisa.
Só pra deixar claro: NÃO É!!!

E quando um Bispo Idiota diz uma coisa dessas numa entrevista para o mundo, ele próprio lança sobre seus semelhantes, a condição vitimizadora do preconceito, porque a sociedade acaba concluindo que toda a igreja é preconceituosa, tirana e idiota.
O autor da infeliz reflexão é Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre da Igreja Católica.
Você pode conferir matérias feitas sobre essa entrevista aqui¹, aqui² e aqui³.
E você pode conferir mais pérolas de Dom Dadeus sobre outros assuntos nesse outro link aqui.

Lamentável. Mas importante que esses pensamentos venham a público para serem discutidos e elucidados.E por isso aproveito o post para difundir essa tirinha:Se clicar na figura, ela fica legível. Ou então confira na própria fonte: Um Sábado Qualquer.

E só para terminar, pego emprestado um pensamento de um cara... como direi?... "fodônico":
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação vai se levantar e viver o verdadeiro sentido deste credo: `Cremos que estas verdades são evidentes, de que todos os homens são criados iguais`. Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele [ou por seu sexo, orientação sexual, etc.] mas pelo conteúdo de seu caráter". (Matin Luther King)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para iluminar

A Psicologia é tão diversa...
Reuni aqui 3 blogs com textos relacionados a psicologia que podem iluminar seu conhecimento e/ou seu momento.
Esse blog - Psicolivros - conseguiu reunir um bom acervo de livros e textos mais clássicos que podem interessar e auxiliar bastante os profissionais da área da psicologia e afins. Vale a pena conferir.
Esse outro blog - Psicologia e Ciência - traz artigos de diversos autores. Super atual!
Para a turminha da Organizacional, a dica é o blog
Psicologia e Trabalho. Bastante rico e objetivo, achei uma "mão na roda".
E por hoje é só...