quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre a sinceridade consigo mesmo


É tão dificil admitir certas coisas sobre nós mesmos, não é? Este post eu dedico ao autor do texto belíssimo abaixo, que tem coragem de buscar suas verdades ainda que suas feridas fiquem expostas ao tempo. Já aprendeu que o que arde, cura. Hehehe. Pessoa que eu respeito e admiro muito.

Lixo (ou A vida do Guarda Napo)


  De novo emerge um estado de putrefação junto à sede de prazer que não teremos. A cama revirada, a vida revirada e a ânsia dividia entre a estupidez particular e o lixo da cozinha.
  Quisera por vezes ser menos podre, e até atingiu tal objetivo, mas sendo lixo era bem mais feliz. Não há quem não se ocupe do lixo. Não á quem não se ocupe do fétido odor que dele se desprende. Mesmo que não o aceitem ou lhe deem salvas de boas vindas, todos lhe dão imerecida atenção.
  Decidiram por ele que a reciclagem era mais que necessária. Que felicidade! todos lhe olhavam, cuidavam, lavavam, amassavam, secavam, rolavam, quaravam, lavavam de novo. Escorriam e se orgulhavam tanto do resultado que o deixavam mais uma vez sem atenção.
  BOSTA! Para o diabo com a reciclagem, não o processo, mas o resultado que lhe deixava mais uma vez sem a companhia sequer das traças, apreciadoras de tecidos e papéis ligeiramente mais novos.
  Era lixo, mas tinha seu "Que" de maníaco-depressivo, adorava voar lixeira afora quando uma brisa tocava-lhe o corpo ou rolar pelo escritório quando o mascote da família lhe tombava a residência. Seu prazer era estar no caminho de alguém. Ocupando, sujando, sujando-se... Até começar a feder e, novamente, ter atenção irrestrita... E vamos à grande metamorfose da reciclagem...
  Começou como um guardanapo, era um oficial muito respeitado o guarda Napo, vigilante sanitário eficiente, o responsável pela higiene de bocas, mãos, mesas e narizes de toda família (não que se orgulhasse muito desta última parte, mas era necessário). Considerava-se muito sedutor e, realmente, tocou muitas bocas em sua primeira jornada. mas a verdade é que sempre retornaria à sua condição de lixo.
Olavo Campos

Você pode conferir mais no Blog do Olavo

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